... achei que pesquisar na querida e muitas vezes mentirosa internet seria mais fácil de discorrer sobre o assunto. Mas encontrei tanta coisa “picada” que desisti e venho então mais uma vez trazer meus próprios devaneios.
De todos os feriados ocorridos ao longo do ano, creio que o carnaval é o mais preocupante no sentido de ocupação pouco proveitosa do tempo e da mente. Talvez e somente talvez, não pela taxa de natalidade que aumenta nove meses depois ou pela desforra material com que essa data é vislumbrada, mas sim, pela indisciplina moral dos seres humanos. Todos os dias lemos notícias de que a humanidade está mais “evoluída”, os recursos tecnológicos mais desenvolvidos, as leis mais humanizadas e por aí vai. Entretanto, quando chegamos em meados de fevereiro (ou março raras vezes) parece que nada disso faz diferença. É momento de diversão e prazer, a todo custo, independente das consequências. Nas pesquisas, descobri o que já era óbvio: o carnaval NO Brasil é a maior festa popular existente e o carnaval DO Brasil é o maior do mundo inteiro. Por um momento me atrevi a pensar como a “Pátria do Evangelho” será vist de maneira diferente e mais respeitosa pelas outras nações se um feriado oficial do nosso país (e de tantos outros) é regrado pelo mínimo (ou nenhum) bom senso, caráter, preocupação com o próximo, preocupação com o corpo, a mente e a alma e, principalmente, tendo o sexo livre e desrespeitoso como um dos principais símbolos?
Detalhe: como não estou escrevendo para aula de evangelização infantil, nem vou me preocupar em gastar linhas discorrendo que beber, comer, dançar, ser alegre, ter diversão, prazer e sexo fazem parte da evolução humana e são normais e necessários. Ahh... não deixem de perceber que não estou fazendo apologia contra ou a favor de qualquer tipo de vício mas sim, falando das práticas comuns de sobrevivência humana.
Certamente não tenho o intuito de criticar ou julgar aos que são adeptos do carnaval. Tenho simplesmente a intenção de trazer à reflexão o quão é importante nos atentarmos para um período de tamanha abertura à espiritualidade ainda não evoluída ou consciente dos nossos deveres perante a universalidade. E por favor... não digamos que é somente alguns dias do ano. Emmanuel, o fiél amigo de sempre, nos elucida através do querido Chico, as seguinte palavras trazidas à tona na Revista Internacional do Espiritismo (2001):
“Enquanto os trabalhos e as dores abençoadas, geralmente incompreendidos pelos homens, lhes burilam o caráter e os sentimentos, prodigalizando-lhes os benefícios inapreciáveis do progresso espiritual, a licenciosidade desses dias prejudiciais opera, nas almas indecisas e necessitadas do amparo moral dos outros espíritos mais esclarecidos, a revivescência de animalidades que só os longos aprendizados fazem desaparecer.”
Lendo tais frases, não podemos deixar de entender que por menor que seja a quantidade de dias, devido ao caráter nada evolutivo do carnaval, uma vez que o ser se entrega a todo e qualquer tipo de, como Emmanuel diz, “animalidades, a existência estará sendo subjugada à queda moral e reparável somente depois de muitas outras consequentes tribulações. É possível que haja aqueles que sejam arrastados para ambientes nessa época, mesmo tendo uma boa consciência ao longo do ano, e que, cumprindo os desígnios de justiça do criador, ainda assim precisarão arcar com as consequências, não havendo desculpas para comportamentos imoralizados. Emmanuel ainda nos diz o seguinte:
“É incontestável que a sociedade pode, com o seu livre-arbítrio coletivo, exibir superfluidades e luxos nababescos, mas, enquanto houver um mendigo abandonado junto de seu fastígio e de sua grandeza, ela só poderá fornecer com isso um eloqüente atestado de sua miséria moral.”
Endossado pelas palavras de Emmanuel, faço um apelo aos amigos: não deixemos de seguir na conduta espírita e cristã ao longo dos dias do referido feriado. Façamos com que as palavras do nosso Mestre Jesus possa estar ainda mais presente em nossa mente e coração, sendo transformadas em atos de carinho e amor para tantos que, diferentemente daqueles que “curtirão” o carnaval, continuarão precisando do auxílio humano (não digo espiritual pois creio que nessa data, outros precisarão tanto ou mais).
E mesmo que no íntimo algumas pessoas tenham a certeza de que não é somente no carnaval que ocorrem fatos libidinosos, à la Calígula, ou fora da conduta reta, o que os faz conscientes de que o “orai e vigiai” deve ser feito todos os dias, não sejamos ingênuos de não saber que nessa data, dado ao caráter altamente coletivo das festanças, unindo tantas mentes em um mesmo ideal (que não é necessariamente para o bem), o campo vibratório se abre com veemência para a inferioridade.
E por isso, finalizamos com muita tranquilidade esse devaneio com mais palavras de Emmanuel, retiradas da mesma revista citada, demonstrando a responsabilidade que temos em tal momento que a Terra em breve viverá:
“Há nesses momentos de indisciplina sentimental o largo acesso das forças da treva nos corações e, às vezes, toda uma existência não basta para realizar os reparos precisos de uma hora de insânia e de esquecimento do dever.”
Um grande abraço a todos, juízo nos preparativos para o carnaval e até o próximo texto.
Diego Carvalho
Obs.: Para ler na íntegra a mensagem de Emmanuel, acesse: