quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

O Que nos Motiva a Sermos Espíritas ?! Parte III - Final

Continuando nosso texto e, finalmente, chegando à última parte, creio que não serão necessárias muitas linhas para a resposta de nossa questão. Talvez bastaria dizer algo do tipo: “não sei” ou “porque meus pais me trouxeram” ou ainda “por curiosidade”. Muitos acham que se tornam espíritas pela dor. Acho isso questionável. Não creio nesse desfecho. Todos temos o livre arbítrio e podemos, mesmo com consequências que não gostaríamos, efetuar nossas escolhas e simplesmente buscar outra coisa para nossa vida. Enfim, digo então que o motivo que nos motiva a sermos espíritas é o desejo de não estacionarmos.

A Doutrina Espírita, com todos os seus ensinamentos, nos permite ser quem realmente temos vontade de ser, sem necessidades de algo que nos tape o rosto, as ideologias, os pensamentos, as palavras e até mesmo os ouvidos. Ela nos mostra que devemos ser conscientes de que o que fizermos de nossa vida será nossa responsabilidade e haverá consequências, de acordo com a lei universal de Deus. Optamos pelo Espiritismo porque ele traz o verdadeiro Cristo para junto de nós, sem intervenções humanas, sem achismos religiosos, sem interesses escusos e isso faz com que respeitemos essas leis do Universo tanto no que tange à nossa evolução quanto ao modo de nos relacionarmos com tudo o que existe: os sentimentos, a natureza, os pensamentos, as inquietudes, os outros seres como nós. Jesus nunca obrigou ninguém a nada que não quisesse. O Espiritismo vem para nos lembrar isso: que não somos obrigados a ser dessa ou daquela maneira, mas que podemos fazer nossas escolhas, conscientemente, à partir do momento em que sabemos o que é certo ou errado.

O Espiritismo nos dá esperanças, nos traz a idéia de continuidade da vida, nos mostra o quanto nossos interesses materiais são meros enganos pois tudo o que não for do espírito, do coração, perecerá e na Terra ficará. Os bens materiais, dinheiro, fama e tudo o que for não passam de ferramentas para nossa evolução, as quais podemos usar na passagem pela Terra. A Doutrina dos Espíritos deixa-nos mais à vontade quanto a nos dedicarmos ao próximo, como nos pediu Jesus. Tantas palavras ditas por Ele não foram passíveis de serem entendidas antes, mas, com o advento do Espiritismo, temos ao oportunidade de, enfim, compreender a verdadeira grandeza das palavras do Cristo.

Não... ainda não chegamos ao ponto máximo de nossa existência eterna ou muito menos possuímos, enquanto espíritas, as melhores atitudes, palavras, pensamentos... Mas, nos dedicando a uma causa tão nobre e nos colocando abertos para novos conhecimentos, para aceitar que nem tudo estamos preparados para entender, respeitando nossos semelhantes, independente de suas crenças, valores ou ações, por mais deploráveis que sejam (como se não tivéssemos as nossas ao longo da vida espiritual) podemos dizer que já estamos no caminho, mesmo que ele ainda seja muito longo ou talvez infinito.

Já pensou no que te motiva a ser espírita?

Um grande abraço.

Diego Carvalho

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

O Que Nos Motiva a Sermos Espíritas?! - Parte II

Na primeira parte de nosso texto, iniciamos uma abordagem falando sobre um pouco de história. Continuemos então.

Após a vinda de Jesus à Terra, tivemos a instauração do Cristianismo primitivo. Muito diferente de várias religiões que existiram ou ainda existem, ele era o estudo e prática dos ensinamentos do Cristo sem qualquer interferência humana. A fé era a regra prática daqueles que decidiram se guiar pelo Cristianismo. Porém, com o passar do tempo, na medida em que o Cristianismo tomava lugar dentre os corações e as mentes humanas, os “homens de poder” viam a necessidade de ter o domínio (ledo engano) sobre os “homens de fé” e passaram a efetuar as mudanças que lhe eramconvenientes, fundando religiões de nomes diferentes com base nos ensinamentos do Cristo, porém, retirando ou colocando aquilo que lhes aprouvesse. Com isso, foram surgindo ao longo da história, muitas novas religiões, cada qual com seus rituais, hierarquias, livros, leis, enfim, mudanças do Cristianismo em prol da arrogância e interesses meramente materiais e humanos. Podemos então, como Alfred de Musset disse sobre a arte na Revista Espírita de 1860, dissertar que o período pós Cristinismo primitivo e o surgimento do Espiritismo compara-se a um casúlo.

O casúlo é formado pela própria larva com fios que se prendem à superfície onde ela está. Esses fios formam uma espécie de proteção para que nada a atinja. Aí, uma vez fixo onde quer, se forma ao longo do corpo da larva o casúlo e aquela entra em estado de pleno repouso para que o corpo se modifique. Logo, vemos que um casúlo é dotado de vida, porém, não sai do lugar; é estático; vai evoluindo aos poucos até que, após as modificações e o desejo de não mais ficar parado devido ter se tornado algo maior, haja o rompimento do casúlo para que a borboleta possa atingir patamares cada vez mais altos e enfim possa se reproduzir. Efetuando essa comparação com as religiões da humanidade, vemos que houve um repouso longo da evolução da humanidade em relação à religião devido àquelas primeiras ditas cristãs criarem seus fios para que nada a atingisse ou a modificasse.

Uma vez fixadas como queriam, assim como o casúlo, cheio de vida e modificações, iniciaram-se os movimentos de busca por algo diferente através de questionamentos até então proibidos, surgindo possibilidades para outras religiões que buscassem aquele Cristo de antes, sem as intervenções humanas. Há um filme interessante sobre isso chamado “Lutero” que demonstra os questionamentos feitos dentro de uma das religiões existentes até que se formasse um novo modo de pensar e ter fé. E ainda depois disso, vemos a arrogância humana agindo, deturpando essa tentativa de voltar ao cristianismo em sua pureza. Não havia outra maneira. Era necessário que o Consolador que foi prometido pelo próprio Cristo se fizesse presente. Fomos preparados para isso. Muitos emissários foram enviados, principalmente no século XIX em todos os meios (eduação, arte, filosofia, ciência...) trazendo novidades. Era o tempo do Cristo cumprir com o sua promessa, enviado-nos o Consolador, o qual chegou, não em forma de homem, mas através das pesquisas e das mãos de, inicialmente um homem complementado por vários outros ao longo dos anos. O senhor Hippolyte Leon Denizard Rivail, através da comunicação com o mundo invisível e até então motivo de espanto, curiosidade e incredulidade nos traz o Espiritismo.

O Espiritismo vem para revivescer o Cristianismo primitivo, sem intervenções humanas. Ele surge para fazer a união entre o pensamento religioso e as descobertas da ciência, sem fazer delas algo contrárias mas sim, complementares. A Doutrina dos Espíritos, diferentemente de qualquer outra religião, não teme a evolução da ciência ou do pensamento filosófico acerca das verdades do mundo. Pelo contrário, ela os incentiva para que o homem da Terra possa tomar conhecimento das verdades universais. O próprio Hippolyte, pouco depois chamado de Allan Kardec, disse o seguinte no livro entitulado “A Gênese” (Cap. IV):

"Somente as religiões estacionárias podem temer as descobertas da Ciência, as quais funestas só o são às que se deixam distanciar das idéias progressistas, imobilizando-se no absolutismo de suas crenças. Elas, em geral, fazem tão mesquinha idéia da Divindade, que não compreendem que assimilar as Leis da Natureza, que a ciência revela, é glorificar a Deus em Suas obras. Na sua cegueira, porém, preferem render homenagens ao Espírito do mal, atribuindo-lhe essas Leis. Uma religião que não estivesse, por nenhum ponto, em contradição com as Leis da Natureza, nada teria que temer do progresso e seria invulnerável”.

Até então, essa religião invulnerável não existira e talvez, nunca existirá enquanto religião conhecida pelos seres encarnados.

Assim sendo, o próprio Kardec não denominou o Espiritismo como uma religião propriamente dita, pois se assim o fizesse, poderia correr o risco de mais uma vez imbutí-lo com as interpretações erroneas humanas criando cultos, podendo ser considerado como um atífice qualquer. Assim, o Espiritismo une tudo o que temos de questionador no mundo: Ciência, que busca a explicação prática para tudo o que existe; filosofia, que busca a explicação teórica de todas as “coisas” referentes aos relacionamentos humanos; e a religiosidade, ligada à fé de que um algo maior existe e nos alavanca para a evolução ou perdição. E aqui voltamos à nossa questão inicial: o que nos motiva a sermos espíritas?

Encerraremos o texto na parte III. Até, vamos mais uma vez pensar no que nos motiva a sermos espíritas. Por quais motivos nos dedicamos à Doutrina codificada por Allan Kardec após explanações históricas que foram colocadas nas duas primeiras partes dos textos. A quem interessar, enviem seus comentários. Serão muito bem vindos.

Abraços fraternos.

Diego Carvalho

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

O Que Nos Motiva a Sermos Espíritas?! - Parte I

Há algumas semanas, participei do primeiro módulo de um Curso On Line da Federação Espírita Brasileira (FEB) sobre Gestão de Centros Espíritas. Esse módulo tinha como nome “Centro Espírita – Visão Geral”. A primeira atividade era responder o que nos motivou a fazer aquele curso. Com isso, me coloquei a pensar no que nos motiva a sermos espíritas.

Me coloquei a pensar na história da humanidade para chegar a essa resposta da qual, confesso, nunca havia sequer cogitado. Durante séculos em nosso planeta, tivemos uma série de religiões, seitas ou pensamentos filosóficos que se voltavam para os mesmos objetivos, mesmo sem admitir isso: a busca de algo maior, fosse para acreditar pela fé ou para explicar pela racionalidade. Houve povos que cultuavam vários Deuses; alguns outros denominavam seus líderes como próprios Deuses; houve os Deuses do Monte Olimpo; houve também as negações de que existia qualquer força superior ao homem; outros que julgavam a natureza como esse ser supremo e por aí vai. Se estudado com atenção, todos demonstrarão que o objetivo era ter algo ou alguém maior, no qual pudéssemos depositar nossa confiança. Ainda podemos inferir que muitos acreditavam que ao deixarmos o Mundo dos Vivos, algo aconteceria, fosse queimar no fogo do inferno eternamente, fosse sentar-se ao lado de Deus(es), fosse virarmos parte dessa natureza talvez pouco conhecida e explorada. Então, muito tempo depois que a humanidade já está instaurada na Terra, temos um simples “homem”, filho de carpinteiro, que nos diz ser o enviado de Deus para os homens na Terra, os quais, somente através d’Ele, seriam salvos. O espanto não poderia ser diferente. Até então, Jesus era um desconhecido, um simples perante os olhos humanos, e mesmo que tivesse um brilho totalmente diferente de qualquer outro já existente e suas palavras fosse ao mesmo tempo doces, firmes e penetrantes, não tinha qualquer autoridade (como se o conceito de autoridade fosse utilizado na sua íntegra). Ninguém sabia de sua existência.

Creio agora que devo modificar a última frase para: ninguém na Terra lembrava de sua existência. No livro “A Caminho da Luz” (Francisco Xavier e Emannuel – Cap. IX), o mentor espiritual nos informa que o  Cristo já era o responsável pela Terra e que a “gênese de todas as religiões da humanidade tem suas origens no coração augusto e misericordioso de Jesus”. E como poderíamos pensar diferente? Será que Deus teria olhado para a Terra somente pouco tempo antes do Cristo estar entre nós e decidido que era a hora de auxiliar-nos? De maneira alguma isso poderia acontecer pois se assim o fosse, ele não seria o Ser imutável, criador do Universo, bom, generoso, sem princípio e sem fim. Deus, assim como um pai faz com seu(s) filho(s), desde que nos concebeu esteve (e está) velando por nós, concedendo-nos o que necessitamos para nossa evolução, de acordo com nosso merecimento e esforço.

Todos os grandes nomes que conhecemos como Buda, Fo-Hi, Lao Tse, Confúcio, Maomet, Moisés dentre vários outros foram instrutores enviados para que pudéssemos nos preparar para a glória Divina através de um de seus filhos enviados a nós para enfim, ditar as verdades do Universo; ou ao menos as que estivéssemos preparados para entender. Pois bem... Jesus chega à Terra e nos enche de “novos velhos” conhecimentos. Novos, porque enquanto seres encarnados, acreditávamos em outras crenças; velhos, porque sendo criação de Deus, todos já tínhamos em nosso íntimo mais íntimo sua centelha que nos daria possibilidades de interligar nossos sentimentos com as palavras e atitudes daquele Homem; bastasse para isso a vontade (como se fosse simples assim como coloco). Nasceu, cresceu, ensinou e continou entre nós. Assim foi Jesus. Assim é Jesus.

Continuaremos na próxima postagem para os textos não ficarem muito grandes e chatos. Enquanto isso, deixem seus comentários sobre o assunto. Vamos escrever juntos.


Um abraço a todos.


Diego Carvalho