Sabe... tenho verificado algumas situações em Casas Espíritas não só da minha cidade mas de outras regiões, nas quais os dirigentes não tem se preocupado com o Movimento Espírita em geral e sim, se fechado em seus núcleos de trabalho e estudos ao ponto de não convidarem palestrantes ou pessoas de fora para efetuarem qualquer apresentação ou reduzindo muito essa prática. Normalmente, eles dizem que as pessoas não estão se preocupando em estudar a Doutrina Espírita com propriedade e tem feito suas próprias interpretações (como se isso fosse errado), levando conceitos muitas vezes erroneos.
Não podemos dizer que esses dirigentes estão totalmente errados mas, ao fazerem isso, não estão eles adotando, primeiramente, posições de juízes? E em seguida, não estão deixando de cumprir com seu papel de responsável pelo estudo e divulgação da própria Doutrina? Digo isso pois creio que com essas atitudes (fechamento no próprio núcleo), corre-se o risco de fazer a mesma coisa do que se reclama, ou seja, se não há opiniões de fora para debater, entender, conversar e chegar num acordo, entenderemos e interpretaremos a Doutrina também à nossa VONTADE.
O estudo é mais do que simplesmente pegar as obras básicas ou complementares e decorá-las ao pé da letra como tenho visto (lembrando que isso já é feito por uma série de outras religiões) ou fazer nossas interpretações e repassá-las aos nossos companheiros de instituição. É, como disse no texto anterior: o estudo da Doutrina Espírita nos leva a entendê-la em sua essência e, para fazer isso, é necessário que haja a dúvida, o questionamento e a discussão. No meio acadêmico (intelectual), vemos constantemente a permuta de informações sobre um mesmo tema entre diversos estudiosos que estão sempre redescobrindo conceitos, modificando seus próprios modos de pensar. Lembro aqui um grande filósofo que dizia a frase "só sei que nada sei". Quando Sócrates pronunciou essa frase, ele quis dizer que a sabedoria ultrapassa aquilo que temos como verdade para nossa vida e que não a conseguimos entender em sua totalidade, sendo necessário que nos coloquemos em posição de eternos aprendizes.
No tocante à Doutrina Espírita, aquela que vem nos revelar as verdades do Universo, é necessário que façamos a mesma coisa, sem pensar que já sabemos quais são os melhores métodos para encontrar as respostas. Muitos dirigentes pensam que já encontraram os métodos ideais de estudo e prática da Doutrina, esquecendo-se que, como nos disse o amigo Diógenes, ela é "essencialmente humanista, voltada para o aprimoramento constante e gradual do homem sob o aspecto moral". Se nos fechamos e não nos preocupamos com o que está ocorrendo fora do nosso núcleo, não estamos, de imediato, praticando a Doutrina Espírita, a qual nos ensina a todo momento a nos preocuparmos com o próximo uma vez que ela nos esclarece os ensinamentos de Jesus e um dos maiores era “amarás o próximo como a ti mesmo”. Tudo bem... temos as AME´s que devem desempenhar o papel de auxílio e unificação, mas, sozinhas, elas não podem fazer nada.
Repensemos: se nos fechamos em nossos núcleos para estudar, sem nos preocuparmos com o mundo exterior, sem darmos oportunidade de ensinar, aprender ou até mesmo nos calarmos até o momento propício, estaremos praticando a Doutrina Espírita, promovendo assim a sua efetiva difusão?
Certamente, como dirigentes de instituições sérias, não se pode deixar que conceitos errados ou deturpados da Doutrina Espírita sejam repassados àqueles que se interssam por conhecê-la em sua essência, mas, também não se pode apenas adotar a postura de "fechar as portas para o mundo". É necessário lembrarmos que ao assumir esse papel (de dirigente) nos responsabilizamos pelo que é feito do Movimento Espírita, o qual precisa estar em consonância com os ensinamentos da Doutrina que prega. Logo, se faz imprescindível buscar maneiras de auxiliar a tantos quantos se perdem na divulgação, prática e difusão do espiritismo fugindo à sua integridade e não simplesmente deixarem-nos ao léu.
Lembremos trechos do que nos disse Bezerra através de Divaldo no Congresso Internacional de Espiritismo, descritos nos materiais de apoio do próprio curso: “...a vós vos cabe levar por toda parte as notícias do Reino de Deus, expandindo-as por todos os rincões da Terra. (...) ...(o espiritismo) é a Religião amor que nos une como verdadeiros irmãos, sem distinção de raça, de fronteiras, de posição social, eliminando tudo aquilo que separa os homens. (...)Propuseste-vos à obra de edificação do bem, abristes os braços para que o amor se expanda em um hino de solidariedade universal, pesquisastes para possuirdes a certeza, elucidastes enigmas para que não paire dúvida. (...)”
Reflitamos.
Abraços a todos e até o próximo texto.
Diego Carvalho